11 abril 2006

Origens do Cavalheirismo

Alguns podem me chamar de maluco, velho, de fora de moda, anacrônico ou inventar outra palavra ainda mais difícil que anacrônico, mas nada disso vai mudar o fato: Sou um árduo defensor do cavalheirismo.

O cavalheirismo é um costume que vem de outras eras e foi aos poucos incorporado e acumulado desde tais remotos tempos nas mais diversas civilizações ocidentais. Sem notar, estamos o dia inteiro fazendo pequenos gestos injustificados, dogmatizados pela educação herdada pela burguesia brasileira da Belle Époque francesa.

O termo nasceu da idéia de nobreza na França (gentilhomme) espalhou-se pela Inglaterra (gentleman) e evoluiu em suas diversas formas e idiomas até chegar a essa pérola que temos em Português, que não tem porra nenhuma a ver com o "gentil" do francês ou do inglês. Botaram um "agá" no meio do cavaleiro pra diferenciar e dar mais trabalho aos disléxicos e professores de cursinho.

Até hoje, alguns hábitos são costumeiramente repetidos por homens e mulheres nesta relação dialética tão saudável quanto impensada. No entanto a grande maioria das pessoas desconhece o porquê destes estranhos hábitos que circundam nosso dia a dia. Com o objetivo de esclarecer esta inquietação que tira o sono de muita gente cavalheira por aí, reuni a partir de fontes fidedignas a explicação histórica para alguns dos mais celebrados atos de gentil-hombridade que vemos repetir-se no dia a dia, com o intuito de iluminar o cidadão cavalheiro. E os cana-brava também.

  1. Ladies first: Este famoso bordão comportamental parece sem sentido à primeira vista, mas basta um pouco de reflexão para dar-se conta que o homem deixa a mulher passar na frente ao abrir a porta da casa, elevador ou ao cruzar a rua simplesmente para ver em posição privilegiada a bunda da madame e seu gingado e ainda ser agradecido por isso. Não tem de quê!
  2. Abrir a porta do carro para a mulher sair: O homem abre a porta do carro para a mulher com o simplório objetivo de ver o decote dela enquanto ela levanta. Se não tiver decote? Não abra a porta, uai.
  3. Abrir a porta do carro para a mulher entrar: Necessário para que a mulher (com decote) não desconfie na hora que você abrir a porta para ela sair e der aquela secada na comissão de frente dela. Se não tiver decote? Não abra a porta, uai.
  4. Servir primeiro a mulher nas refeições: O homem claramente serve primeiro a mulher para poder depois pegar para si a melhor parte do rango (tipo a esquina do bolo de chocolate com cobertura ou o pedaço da torta de morango com morango)
  5. Peleja entre homens por causa de uma mulher: Dizem que já aconteciam as justas na idade média, duelos até a morte para conquistar uma mulher. Doce ilusão das fêmeas. Quando dois homens brigam, não é por causa da mulher em questão, é para aparecer para o resto da mulherada que tá em volta. E digo mais: especialmente para as amigas da namorada. Pode reparar que sempre que tem briga "por causa de uma mulher" tem um monte de mulher por perto fazendo cara feia como quem não gosta de briga, mas torcendo discretamente com o canto do olho pro mais bonitinho ganhar.
  6. Beijar a mão: Cumprimento mais manjado de todos cujo objetivo único é dar uma boa olhada nas pernas da donzela pra ver se preenche os requisitos e checar se não tem joanete.
  7. Flores: Hábito sagrado quando a coisa começa a ficar séria. Flores precisam de água. Não tem água no quarto nem na sala. Enquanto a mulher vai buscar água na cozinha você pode revistar pra ver se há vestígios de ex-namorado ou Ricardão e assim ficar mais tranqüilo para evoluir o relacionamento.
  8. Segurar a mulher que desmaia: um clássico roliúdiano para se apalpar a mulher indefesa. Aliás, indefesa nada, esta é uma técnica da mulher para ser apalpada "passivamente" fingindo que mantém a dignidade por estar "desmaiada" (falou!), como se ela não quisesse (falou! outra vez). Este truque feminino acontece também nas sessões de vídeo embaixo da coberta. Até parece que alguém em sã consciência dorme vendo clássicos como "Rocky V" ou "Duro de Matar II". Rá.

E há quem diga que a Idade Média foi a Idade das Trevas. Sinceramente...


Abril de 2006

Um comentário:

André disse...

Fantástico o texto! Ótimas dicas.